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A vida ou o álcool?

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Por José Francisco Mallmann - Secretário de Estado da Segurança Pública do RS

No último final de semana, desencadeamos a permanente operação Lei Seca, em vários municípios, onde o foco é a redução do homicídio causado por ingestão de bebidas alcoólicas. Cerca de 70% dos homicídios ocorrem nas noites de sexta e de sábado e, desses, mais de 80% são por influência do álcool. Outros crimes são decorrentes desse malefício, também. Estudos publicados apontam o álcool em quarto no ranking das drogas mais nocivas à saúde física e mental, estando à frente, apenas, as poderosas heroína, cocaína e barbitúricos, na ordem. E ele "ganha", na seqüência, das anfetaminas, nicotina, maconha, LSD e ecstasy. Contra o cigarro (nicotina) são feitas leis e campanhas maciças. Hoje, o fumante, felizmente, é discriminado pela sociedade. O álcool, infelizmente, é cultural em nosso meio. E o mais incrível é que, dentre as drogas estudadas, apenas ele, e somente ele - o álcool - pousa como livre de qualquer proibição ou restrição ao consumo. Pasmem!

Outra grave estatística são os 78% dos acidentes de trânsito, com mortes e lesões graves, que ocorrem também sob a influência do álcool, quase todo final de semana e feriadões. A carnificina e os crimes sob o comando do álcool são alarmantes. Nossa preocupação é com aqueles que se excedem. Não podemos mais fazer de conta, fingir e fugir desse mal que afeta nossa população. Até parece que o álcool não faz mal a saúde! É preciso conscientizar as pessoas e advertir os responsáveis pela saúde pública. O que assistimos é apologia, todo dia e toda noite, ao consumo de bebidas alcoólicas. Este incentivo, muitos esquecem, sangra nossa economia com as despesas com os acidentados de trânsito, deixa famílias destruídas, interrompe futuros e sonhos, lota os leitos hospitalares e as covas rasas dos campos santos.

Segurança pública é dever do Estado, mas também é responsabilidade de todos. Portanto, é uma questão social e não apenas policial. Estamos, neste momento, fazendo a nossa parte. Entretanto, é preciso que quem detenha o poder (o município) de restringir a venda e o consumo de bebidas alcoólicas faça a sua, principalmente nos períodos apontados. Eis os motivos da sugestão às 10 prefeituras das cidades que detêm 58,8% dos homicídios em nosso Estado para que editem lei municipal restringindo a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nos citados dias e entre 0h e 6h, em locais públicos. Mas sempre virão defensores da bebida a dizer que tal medida será um desastre para a gastronomia e a vida noturna.

Acontecerá isso tão-somente em dois dias da semana e, ainda, depois da meia-noite? Famílias ficam na madrugada bebendo com seus filhos em locais públicos ou se recolhem aos seus lares? Quem fica bebendo com moderação após as 24h de sexta e de sábado em bares e similares? Desemprego? Entre este e a vida, fico sempre ao lado do maior bem que Deus nos deu, a vida. O desempregado encontrará colocação. Desastre é para quem morre, fica mutilado ou em cadeiras de rodas por conseqüência do álcool, para esses não há solução. A questão do álcool é inquestionável, jamais polêmico, porque não se pode confrontar vida com bebida. Seria um absurdo! É preciso ter coragem para enfrentar o poder da bebida alcoólica, que é muito grande no Brasil. Alguma coisa precisa ser feita. A sociedade tem que dizer de que lado ela está: da vida ou do lucro da bebida?

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