Filósofo Cipriano Luckesi palestra no Congresso Nacional de Educação para o Trânsito
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Em palestra proferida na manhã desta quinta-feira (24/11), no Congresso Nacional de Educação para o Trânsito, o educador, sociólogo e filósofo Cipriano Luckesi, destacou que a sociedade ainda vive na infância do comportamento ético. O palestrante recorreu a Platão e a Aristóteles para falar da compreensão das pessoas sobre o comportamento em relação ao cumprimento das normas de trânsito.
Luckesi delimitou as diferenças entre o desenvolvimento ético pré-convencional ou egocentrado, o segundo estágio ou convencional, que aceita regras e papéis, e aquele mais elevado, cujo compromisso é com a vida e não com a norma. Para ele, a sociedade atual encontra-se no estágio infantil, que não leva a outra pessoa em consideração, mas somente às próprias necessidades e o próprio prazer. Este desenvolvimento, estudado pelo psicólogo norte-americano David Colberg, relaciona-se com o desenvolvimento cognitivo explicitado por Piaget, quando fala da criança até cerca de seis anos e de sua incapacidade para compreender o que é externo a ela mesma como importante.
Dentro desta perspectiva, compreende-se a assertiva, segundo a qual quanto mais rígida for uma lei, que é a norma imposta de fora para dentro, maior será a tendência a burlá-la. “Enquanto que a lei é externa, a ética tem origem nas convicções íntimas do indivíduo. A obediência não tem a ver com submissão, mas sim com o respeito por aquilo que faz sentido para ele”, afirmou Luckesi, acrescentando que a educação platônica era aquela que com paciência, através de longos anos, construía a cidadania no interior de cada indivíduo.
Considerando que o fundamento de toda ética é a relação com o outro, é fácil compreender o porquê da desvalorização das outras pessoas no trânsito, como em tudo mais na vida. “Não há solução completa fora da educação, e nesta, o educador precisa assumir o seu papel de adulto orientador, de quem deve ser respeitado por ter algo a ensinar”, explicou o sociólogo.