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Forças de segurança deflagram operação com 1,3 mil agentes contra lavagem de dinheiro de organização criminosa

A partir de investigação da Polícia Civil, foram cumpridas 1.368 ordens judiciais com apoio de BM, CBMRS, PRF e Susepe

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1,3 mil agentes se reuniram ainda durante a madrugada, no Teatro da Fiergs
1,3 mil agentes se reuniram ainda durante a madrugada, no Teatro da Fiergs - Foto: Divulgação PC

As primeiras horas desta terça-feira (19/4) foram marcadas por intensa movimentação policial para o desencadeamento da Operação Kraken, com mandados a serem cumpridos em 38 municípios do Rio Grande do Sul, além dos Estados de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. O expressivo contingente de 1,3 mil agentes públicos executou um total de 1.368 ordens judiciais para combate a um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado, com prejuízo de, pelo menos, R$ 50 milhões apreendidos da quadrilha.

“O Estado colocou em prática hoje mais uma forte ação de combate ao crime organizado no Rio Grande do Sul. É um duríssimo golpe, pois é atingindo o financiamento, o bolso dessas organizações, que conseguimos um impacto efetivo para desmobilizar as diversas práticas criminosas que eles executavam. Foi uma ação no mais alto espírito de integração, viabilizada e executada a partir da excelência no trabalho de inteligência policial, como preconizam as premissas do programa RS Seguro”, afirmou o secretário da Segurança Pública do RS, coronel Vanius Cesar Santarosa.

Considerada pela Polícia Civil como a maior operação deste tipo já deflagrada pela instituição, a Operação Kraken partiu de uma investigação realizada pela 1a Delegacia de Polícia de Sapucaia do Sul. Agentes desta distrital, coordenados pelo delegado Gabriel Borges e pelo delegado regional Mario Souza, titular da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ª DPRM), de Canoas, debruçaram-se por um ano e meio nas apurações.

No total, a ofensiva desta terça-feira compreendeu 273 mandados de busca e apreensão, dos quais 14 foram cumpridos em unidades do sistema prisional – sendo uma em penitenciária federal –, e 66 mandados de prisão - dos quais 58 foram cumpridos, sendo 30 nas ruas e 28 contra suspeitos já recolhidos em unidades prisionais. Houve também o sequestro de 38 imóveis adquiridos com recursos do crime, e a apreensão de 102 veículos, incluindo carros de luxo como Maserati, Audi, Cadillak e Camaro.

O impacto na descapitalização do grupo criminoso provocou, ainda, o bloqueio de 190 contas bancárias e 812 pedidos deferidos para quebras de sigilo fiscal, bancário, tributário e bursátil (referente a operações na Bolsa de Valores). Para obtenção das ordens judiciais, a Polícia Civil contou com apoio fundamental do Ministério Público na representação ao Poder Judiciário.

A ação de hoje, que encerrou com 87 celulares e R$ 72 mil em espécie apreendidos, contou com o apoio da Brigada Militar, Superintendência dos Serviços Penitenciários, Corpo de Bombeiros Militar do RS, além da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Para garantir o sigilo da ofensiva e não despertar atenção pela grande movimentação de efetivo, os mais de 1,3 mil agentes se reuniram ainda durante a madrugada, no Teatro da Fiergs, onde foi realizado o briefing para cumprimento das atividades. A ação teve expressivo apoio da Brigada Militar, com mais de 300 policiais, bem como atuação importante da Superintendência dos Serviços Penitenciários e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) para cumprimento das ordens contra alvos já recolhidos em penitenciárias, além do suporte logístico e preventivo do Corpo de Bombeiros Militar do RS e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Viaturas das forças de segurança no estacionamento da Fiergs
A ação contou com o apoio da BM, Susepe, CBMRS, PRF e Depen - Foto: Divulgação PC

Em um dos cumprimentos de mandados, equipes encontraram R$ 41 mil dentro de um urso de pelúcia. O item foi localizado em uma residência em Porto Alegre e seria de uma das principais investigadas da ação. Ela seria esposa de um dos líderes do grupo criminoso e foi presa na manhã desta terça-feira por lavagem de dinheiro. A ação abrange 38 cidades do Rio Grande do Sul, além de localidades de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, e teve apoio da Polícias Civis destes três Estados.

Ao longo da investigação, a polícia identificou que valores obtidos a partir do tráfico de drogas e diversos crimes patrimoniais (roubos, latrocínios e roubos de veículos, entre outros) eram lavados pelo grupo criminoso, com base no Vale do Sinos, por meio do investimento em aquisições de imóveis, automóveis e negócios de fachada. A apuração comprovou que a facção gaúcha atuava quase de forma empresarial, tendo conexões em outros Estados do país e até ligações internacionais.

Esse combate aos crimes de lavagem e ocultação de bens e valores oriundos do tráfico resultou no indiciamento de cinco lideranças da quadrilha, mas no curso de todo o período mais de 200 criminosos foram alvo da ofensiva. A partir do desdobramento das apurações com vistas a identificar o cerne do grupo criminoso, por meio da utilização de técnicas especiais de investigação, foi possível mapear o organograma, a base de atuação, os ramos de condutas delituosas praticadas e a logística dos membros.

Ao longo de 2021, a 1ª DP de Sapucaia do Sul prendeu 102 integrantes da organização criminosa, que atuavam em diversos níveis, desde a venda direta de entorpecentes (o chamado vapor), passando por ladrões de carro e até alguns gerentes do bando. Além disso, a ação resultou no ano passado no recolhimento de 11 armas de fogo.

Veículos que foram apreendidos em operação da Polícia Civil, estacionados em frente de uma Delegacia de Polícia
Foram apreendidos 102 veículos, incluindo carros de luxo como Maserati, Audi, Cadillak e Camaro - Foto: Divulgação PC

“É um grande golpe que o crime organizado sofreu no que tange à sua descapitalização e sufocamento financeiro”, afirmou o delegado Gabriel Borges.

Para o diretor da 2ª DPRM, a Operação Kraken rompe paradigmas no que se tinha até o momento no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. “Os reflexos desse trabalho certamente serão verificados por vários anos e as técnicas utilizadas servirão de base para trabalhos futuros”, afirmou o delegado Mario Souza.

Texto: Ascom PC
Edição: Carlos Ismael Moreira/SSP

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