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Operação Bunkers descobre atuação de grupos criminosos rivais em condomínios de Canoas

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Agentes da Polícia Civil reunidos em preparação para a operação Bunker
Agentes da Polícia Civil realizaram ações simultâneas contra dois grupos criminosos em Canoas - Foto: Polícia Civil - RS

Na manhã desta terça-feira (20/5), a Polícia Civil realizou, na região metropolitana de Porto Alegre, ações para identificar grupos rivais ligados ao tráfico de drogas. Eles atuavam em dois conjuntos habitacionais nos bairros Mathias Velho e Guajuviras, em Canoas. A operação Bunkers foi denominada assim depois que dois suspeitos foram encontrados em uma residência fortificada e escondida em Gravataí. Oito pessoas foram presas e 78 medidas judiciais foram cumpridas na ação realizada entre a 1ª e 3ª Delegacias de Polícia (DPs) do município.

Os suspeitos controlavam portaria, blocos e apartamentos e coagiam os moradores dos condomínios a contratarem serviços imobiliários, de manutenção, limpeza e vigilância. De acordo com o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional de Canoas, Cristiano Reschke, as áreas residenciais alvos representam uma disputa entre dois grupos criminosos. “A operação entre as delegacias é conjunta porque abordam pontos comuns: são dois condomínios, com alta densidade populacional, com controle do tráfico de drogas e coordenados por líderes que estão no sistema prisional e pertencem a organizações rivais. As áreas ficam próximas, mas em lados opostos da cidade, divididas pela BR 116. O sistema implementado se repete em ambas as organizações: o recurso financeiro vem do tráfico de drogas, especialmente intramuros, com controle dos serviços e rotinas, com expulsão e extorsão de moradores e apropriação de apartamentos pelo tráfico, para esconderijo dos criminosos, depósito para armazenamento de insumos do tráfico e armas”, destacou Reschke.

Dois envolvidos comandavam as atividades em um dos condomínios de dentro da cadeia. Eles vão cumprir nova prisão preventiva e tiveram pedido de remoção para regime diferenciado disciplinar decretado para isolamento. Outros dois suspeitos, de outro condomínio, foram identificados em uma casa fortificada e estão foragidos. Eles são investigados por tráfico de drogas, homicídios, extorsões, cárcere privado, lavagem de dinheiro, corrupção de menores e outros delitos. Durante a ofensiva, os policiais apreenderam armas, dois veículos, cumpriram ordens judiciais de sequestro e bloqueio de contas bancárias. “Além de efetuar prisões, queremos entender quem lucra e quem gerencia os bunkers, como a informação transita entre os inúmeros atores e setores do esquema”, completou o delegado Reschke.

A investigação está em andamento e comprovou um esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de bens, por meio de reinserção de recursos financeiros, lucros e abertura de empresas com aparência lícita. Transferências fragmentadas, recebimentos em contas de mesma titularidade em bancos diferentes, operações acima da capacidade financeira dos envolvidos e repasses de valores no mesmo dia indicam esforços para dificultar o rastreamento financeiro.

Agentes acessam área de um dos condomínios alvo da investigação em Canoas
Condomínios alvo da investigação eram administrados por organizações rivais - Foto: Polícia Civil - RS

Bunker I e II
Na ação da 3ª DP de Canoas, intitulada Bunker I, os agentes desarticularam um grupo que fornecia drogas e administrava o condomínio onde estava instalado. Em outra operação, a Bunker II, agentes da 1ª DP de Canoas encontraram uma construção de muros altos, cercada, com chapas de aço nas paredes e monitorada por câmeras e cães da raça pitbull. A casa, utilizada por um grupo rival, servia de abrigo para um dos principais investigados.

Segundo Luciane Bertoletti, delegada da 3ª DP de Canoas, foram cumpridos 57 mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão, além do bloqueio de contas bancárias. Sete pessoas foram presas. Dois veículos foram apreendidos, além de armas, munições, drogas, tablets e notebooks. “Em Canoas, esse grupo se instalou em um condomínio popular, onde vivem mais de 4.800 pessoas. Seus membros forneciam drogas no interior do Estado e ao redor do condomínio, além de controlarem a administração local. Os criminosos garantiam o silêncio dos moradores por medo ou por benefícios. Nosso objetivo foi desmascarar esse esquema em uma investigação extremamente complexa", destacou Luciane. A ação coordenada por ela contou com o apoio do 15º Batalhão da Polícia Militar.

Ainda segundo a delegada, “a organização possuía uma hierarquia bem definida, com responsáveis pela coordenação de entregas, gerenciamento de recursos e até mesmo pela preparação e embalagem de drogas. Muitos integrantes possuem antecedentes por tráfico e delitos relacionados à organização criminosa”, finalizou.

Outro condomínio de Canoas estaria sob comando de organização rival, que passou a exercer domínio sobre os moradores, obrigados a pagar taxas de administração e a vivenciar o comércio de drogas, porte ilegal de armas em áreas comuns, inclusive durante o dia e na presença de crianças e adolescentes. Na operação Bunker II, da 1ª DP de Canoas, o delegado Marco Guns destacou que o desafio se deve à dificuldade de produzir provas em ambiente monitorado pelas organizações. “Há muito a ser desenvolvido ainda, mas já contamos com muitas imagens e vídeos que demonstram a rotina de infrações, de informações e depoimentos que corroboram o apurado, além de outras provas que demonstram a estrutura organizacional, a divisão de tarefas e ação empresarial criminosa”, destacou. A investigação é realizada pela Polícia Civil com apoio da Brigada Militar e será aprofundada.

Texto: Dulce Mazer. Edição: Dario Panzenhagen / Ascom SSP-RS

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